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Existe uma "filosofia do karate"?

 

A resposta mais frequente para essa pergunta, seja dada por professores, alunos e até mesmo por leigos, é sim!

Mas quando se deseja saber um pouco mais e se aprofunda a questão indagando qual é essa filosofia e como ela é aprendida, as respostas ficam mais vagas e variam enormemente.

Raramente se vai encontrar duas pessoas que concordem com mesma explicação sobre qual a "filosofia do karate".

E se não sabe, não vai ser capaz de entender a resposta.

Uma das melhores respostas que ouvi para essa questão foi dada por um professor japonês a um neófito.

Ao ser indagado directamente sobre quando ele, o neófito, iria começar a aprender a "filosofia do karate", o sábio mestre respondeu:

"Você já começou".

Atónito, o aluno não parou para reflectir e retorquiu com uma certa prepotência:

"Então, devo ter faltado nessa aula, pois eu ainda não sei nada sobre a filosofia do karate".

E o professor, pacientemente, disse:

"Treine e um dia você vai saber". Aí está. Essa é a filosofia do karate:

o treino, a prática, a persistência de procurar sempre a resposta para essa pergunta.

O buscador sincero, que se interessa em saber qual a filosofia do karate, terá que percorrer um longo e árduo caminho na sua procura pela resposta.

E com isso aprenderá persistência e tenacidade.

Terá de enfrentar difíceis provas e testar sua coragem.

E com isso aprenderá o auto-conhecimento, investigando o seu interior e conhecendo as suas próprias fraquezas, tentando sempre superá-las.

Terá que esperar muito pela resposta.

E com isso desenvolverá a paciência.

Será vencido inúmeras vezes por lutadores mais avançados e mesmo por principiantes.

E com isso executará a humildade.

Terá de ser íntegro, pois a virtude não se disfarça e dentro de um Dojo — através de seu comportamento — uma pessoa torna-se transparente como um cristal.

E todos saberão como ele verdadeiramente é.

Terá de superar a dor física e, às vezes, a dor moral.

E com isso aprenderá o auto-controle.

E haverá um dia, se ele conseguir aprender todos esses ensinamentos, que passará a ensinar.

E então, ele vai aprender ainda mais lições de humildade e altruísmo.

Conhecerá uma satisfação interior, sincera, plena, fruto da percepção de que está contribuindo para o aprimoramento e desenvolvimento dos outros.

E se essa pessoa tiver a suprema felicidade de se tornar um guerreiro, ele não mais precisará perguntar,

pois as respostas brotarão de seu interior e ele, finalmente, saberá que a filosofia das artes-marciais é

expandir seus limites e aprender constantemente a vencer-se a si próprio.

Descobrirá ainda que essa filosofia não é apenas do karate, mas de qualquer actividade na vida.

 

E o caminho é a prática.